20 de novembro de 2009

Essa tristeza é temporária




Ele não ia às aulas por ele. Ele não ia à aulas pelo professor. Ele não ia às aulas pelo exame. Ele ia às aulas para a ver. Ele ia às aulas por ela.
Ia ver os olhos dela, tentar adivinhar-lhe o cheiro do champô quando soltava o cabelo, admirar-lhe o sorriso rasgado.
Sentava-se atrás dela no anfiteatro cheio, sem ouvir nada, a tentar decorar-lhe o sinal atrás da orelha, o longo pescoço e a respiração calma.
Mas, houve um dia em que ela não apareceu, e ele não se pôde sentar atrás dela. Esse dia repetiu-se durante um mês e quando ela apareceu, o sorriso rasgado era agora tímido e magoado. Nesse dia ele não se sentou atrás dela. Sentado ao seu lado disse baixinho:
- Essa tristeza é temporária, certo?
Ela sorriu com os lábios, com os olhos, com o cabelo solto e com o sinal atrás da orelha.